terça-feira, maio 29, 2007

Planeamento familiar.


No programa de hoje "Opinião Pública" da Sic Notícias a temática para hoje foi um estudo da Deco (que hoje já vem referido nos mais variados jornais nacionais e que amanhã será publicado na integra na revista "Exame Saúde") sobre planeamento familiar. O estudo foi efectuado nos seguintes moldes: a Deco pediu a colaboração a jovens, do sexo feminino, entre os 15 e os 20 anos para irem a centros de saúde (dos mais variados locais de Norte a Sul, do Litoral ao Interior) fora do seu local de residência, de forma a manterem o anonimato, marcar consultas de planeamento familiar.

A primeira questão que se coloca prende-se exactamente com a questão do anonimato, quantos de nós sabiamos que por lei os centros de saúde são obrigados a concender estas consultas às pessoas, mesmo que não seja na sua zona de residência? Isto para garantir um maior anonimato e à vontade por parte dos utentes.

A segunda questão prende-se com os resultados do estudo: entre 85 centros (centros de sáude, hospitais e delegações do IPJ) 46 recusaram as consultas, porque as jovens não pertenciam àquela zona (hum... que belo cumprimento da lei) e desses 46 apenas em 12 foram dadas informações de onde as jovens se poderiam dirigir.

De entre os 39 centros que concederam a consulta verificou-se que, em muitos, as consultas eram mal dadas e as respostas evasivas (nomeadamente na explicação de como controlar um preservativo), bem como uma grande falta de meios contraceptivos para distribuir.

Se a tudo isto juntarmos o facto de na maioria dos centros de sáude estas consultas demorarem bastante tempo a ser conseguidas (por ex. no centro de saúde da Cova da Piedade uma consulta de planeamento deve ser marcada e o período de espera médio é de 3 meses), serem consultas com muito pouca privacidade no ponto de vista de espera, de muitas vezes as jovens serem um pouco olhadas à margem pelos profissionais de sáude quando lá se dirigem e de a grande maioria das pessoas não ter 50, 60 ou mais €uros para se deslocar a um médico particular; será de estranhar o número de gravidezes indesejadas? O aumento galopante de contágios em doenças sexualmente transmissíveis? Ou que os próprios jovens se sintam constrangidos a frequentar estas consultas?

Vivemos numa sociedade de informação, mas todos estes indicadores mostram que é uma informação algo subjectiva e muito superficial e daí todos os dias assistirmos às situações que assistimos com recém nascidos.

Para terminar fica uma frase de uma das convidadas do programa, uma senhora cujo nome não retive, mas que é médica e pertence ao Ministério da Saúde e disse algo do género "Também temos de ter em atenção que as jovens que procuram estas consultas já estão conscientes, per si, da necessidade destas, como tal podem esperar". Será de mim ou isto é uma barbaridade daquelas gigantes? Então por serem pessoas conscientes já não precisam de ser atendidas, já não têm dúvidas? Efectivamente com pessoas assim é muito complicado alterar situações...

Hoje não há horóscopo... fica apenas a frase do dia "Quem se gasta em palavras, raramente se gasta em acções" - Gustave Le Bon

Cláudia

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